Relatório do Artista:

Hélio Oiticica
Biografia e Galeria Cosmococa



Oiticica nasceu no Rio de Janeiro, em 1937.
Começou sua carreira artística estudando pintura e fazendo suas primeiras exposições na década de 50.
Ao longo do tempo, uniu-se ao movimento neoconcretisca e posteriormente, em 67, foi um grande inspirador do movimento tropicalista, sendo o nome inspirado a partir de uma de suas obras.
Ele acreditava na relação entre a obra e o público, por isso, muitas de suas obras receberam o nome de PENETRÁVEIS, onde as pessoas podem interagir com a arte, entrar e permitir ser invadido por diferentes sentimentos, mexendo com os sentidos do corpo (tato, olfato, audição e visão).
Na década de 70, Oiticica morou em New York, onde conheceu e trabalhou com o cineasta Neville D'Almeida. Juntos, criaram a obra BLOCOS EXPERÊNCIAIS EM COSMOCOCA, que consiste em cinco obras chamadas de "quasi-cinemas", onde todos os ambientes são escuros, possui uma trilha sonora específica para
provocar diferentes sensações; e com projeção de slides de desenhos feitos com cocaína de capas de livros, discos e pessoas que ele admirava, como: Jimmi Hendrix, Rolling Stones, Marilyn Monroe e Mick Jagger.
O uso da cocaína, que ele discute em seus textos, aparece tanto como símbolo de resistência ao imperialismo americano, quanto referência a contra cultura.
"Não se trata de fazer da COCA o absoluto místico-deficato que vestiu o LSD: COCAÍNA nem tóxico nem água a própria ideia de alucigenar para a expansão da consciência [...] como pode alguém saber qual o veneno que cada pessoa necessita? [...] não estava pregando ou promovendo o comércio do ÓPIO-HAXIXE [...] estava INVENTANDO MUNDO... estava propondo um tipo novo e maior: COLETIVO: de participação de modo também a ampliar sua poesia e esses níveis e desse modo descomprometê-la e soltá-la para sempre das amarras culturais dos meios literários" - OITICICA, HÉLIO
Uma versão da obra de Oiticica com Neville foi construída em 2009/2010, a Galeria Cosmococa, e está aberta para visitações em Inhotim (Brumadinho - MG), que é um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do Brasil. Cada uma das cinco salas expositivas, feitas a partir de seus manuscritos, representa um efeito que a cocaína proporciona ao corpo. Foram usados na contrução pedras, concreto, drywall, tijolos e madeira.
Hélio morreu em 1980 e nos dias atuais existe um projeto em seu nome, Projeto HO ou Projeto Hélio Oiticica, criado sem fins lucrativos, com o objetivo de protejer, guardar, estudar e difundir suas obras, para assim, "ganhar o reconhecimento que ele merece como um dos grandes inovadores da arte moderna e contemporânea", como disse o Sr.Nicholas Serota, diretor de uma coleção de livros de Oiticica.
Fotos da Galeria Cosmococa
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Outras Obras de Oitica
Invenção da cor, Penetrável Magic Square # 5, 1977
Faz parte do conjunto de obras penetráveis, essa foi baseada nos quadrados, um espaço que oferece ao espectador um contato vivencial com a forma, a cor e os materiais. Retrata a pesquisa do artista em torno da ocupação do espaço pela cor e se articula com uma idéia de renovação do espaço arquitetônico, aproximando-o ao jardim, à praça, ao labirinto, ao parque de diversão e ao barracão. Localizada em Inhotim, Minas Gerais.
Parangolé, 1960
Fruto das experiências de Hélio Oiticica com a comunidade da Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira, no Rio de Janeiro, o Parangolé é criado no fim da década de 1960. Apresenta a fusão de cores, estruturas, danças, palavras, fotografias e músicas. Estandartes, bandeiras, tendas e capas de vestir prendem-se nessas obras, elaboradas por camadas de panos coloridos, que se põem em ação na dança, fundamental para a verdadeira realização da obra: só pelo movimento é que suas estruturas se revelam.
Tropicália, 1967
Realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, em abril de 1967, a obra pode ser descrita como um ambiente labiríntico composto de dois Penetráveis, PN2 (1966) - Pureza É um Mito, e PN3 (1966-1967) - Imagético, associados a plantas, areia, araras, poemas-objetos, capas de Parangolé e um aparelho de televisão.Como descreve o artista: "o ambiente criado era obviamente tropical, como num fundo de chácara e, o mais importante, havia a sensação de que se estaria de novo pisando na terra. Esta sensação sentira eu anteriormente ao caminhar pelos morros, pela favela, e mesmo o percurso de entrar, sair, dobrar pelas 'quebradas' de tropicália, lembra muito as caminhadas pelo morro". Um ambiente que invade os sentidos convidando ao jogo e à brincadeira.
Fotos das obras
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Comentário
Conhecer Inhotim e vivenciar as obras estudadas é uma experiência incrível, que nos leva a entender dimensões diferentes da arte e da arquitetura, os cheios e vazios de um ambiente, seja com elementos manuais ou sonoros. A diversidade de materiais e componentes, relata harmoniozamente que o concreto, o abstrato e o natural podem fazer parte de um mesmo hambiente.
Como o meu trabalho é sobre Hélio Oiticica, aproveitei a última hora livre conhecendo a Galeria Cosmococa. Visitei todas as cinco salas, tendo duas se destacado mais em minha lembrança, pois me permitiram um conjunto maior de sensações.
A sala dos balões, à primeira impressão, é apenas uma sala comum com balões. Mas ao entrar, você percebe a variação de altura no relevo, te levando a altos e baixos; e se andar com os olhos fechados, da um efeito de tontura, que é ainda mais forte brincando de jogar os balões para o alto e tentando os pegar.
A sala da piscina é impactante desde o primeiro momento. O olho avista a piscina iluminada no meio da sala escura e a música em conjunto ao slide, traz uma inquietação nos pensamentos, nos forçando a refletir sobre a circunstância e a vida. Ao entrar na piscina, o seu corpo, assim como seus pensamentos, entram em choque, param por alguns instantes; e embora a água seja extremamente gelada, a primeira sensação não é frio, e sim, imobilidade, pausa e silêncio.
Com certeza, a palavra que descreve essa experiência de contato com a obra, é Imersão. Pois é preciso imergir nesse mundo de sentimentos, sensações e se permitir envolver, dando liberberdade pra entender o que o artista quis retratar e passar para o expectator.
Contudo, o autor e criador dessas obras penetráveis e de interação, nos torna artistas coadjuvantes da sua própria arte. Podendo ela tomar diferentes proporções, a partir do despreendimento de cada indivíduo em se envolver.
Referências e mais informações
http://www.inhotim.org.br/inhotim/arte-contemporanea/obras/galeria-cosmococa/
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa48/helio-oiticica
http://www.heliooiticica.org.br/home/home.php
https://www.escritoriodearte.com/artista/helio-oiticica/
http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,MUL1345133-7084,00-SAIBA+QUEM+FOI+O+ARTISTA+PLASTICO+HELIO+OITICICA.html
http://www.arquitetosassociados.arq.br/?projeto=galeria-cosmococas-inhotim
http://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/arquitetos-associados_/galeria-cosmococas/43
http://ulissesmattos.blogspot.com.br/2011/04/helio-oiticica-cosmococas-e-inhotim.html
http://www.inhotim.org.br/inhotim/arte-contemporanea/obras/invencao-da-cor-penetravel-magic-square-5-de-luxe/
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3653/parangole
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3741/tropicalia